quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Cura do Câncer

Tinhamos acabado de nos mudar para aquele apartamento, era um sonho se realizando e tudo ia bem; com muitas dificuldades mas ia bem!
Numa tarde resolvi tomar um banho pra relaxar e fui curtir meu banheiro novo. Eu estava no meio do banho quando senti uma pontada na mama esquerda. Fiquei assustada mas em seguida ouvi: “fique calma, eu permiti e estarei no controle”.
Aquelas palavras não tinham o menor sentido pra mim e achei que fosse coisa da minha cabeça! Não senti mais nada e definitivamente esqueci daquilo. Naquela época eu ainda não tinha meus ouvidos e espírito afinados para dicernir a voz de Deus e por isso vejo que me enganei muitas vezes!
Era o ano de 2000 quando aconteceu o episódio do banho, QUATRO ANOS se passaram e muitas coisas aconteceram, muitas mudanças haviam acontecido dentro de mim e de minha casa toda. Nós tínhamos agora uma filha de três anos, não tínhamos mais aquele apartamento de meus sonhos e aqueles quatro anos foram de muito moldar de Deus em minha vida. Aprendi ouvir mais facilmente a voz de Deus e minha fé havia aumentado muito!
Era 12 de dezembro de 2004, meu aniversário de 30 anos. Eu sonhei com essa data durante anos, queria fazer uma festa e poder comemorar aquela data que durante minha infância toda, achava algo tão longe de se chegar...
Neste mesmo dia eu tinha um exame de ultrasonografia de mama que meu ginecologista havia pedido dias antes, ele me presenteou com o exame pois achava que a partir dos 30 anos eu deveria fazer um por ano. Coicidentemente o consultório marcou o exame para o dia do meu aniversário.
Eu fui toda serelepe e animada com minha festa daquele dia. Estávamos eu e o Marcelo.
Escolhi uma médica irmã em Cristo pra fazer o exame e estava calma. Fui chamada e ela começou o exame. Ia tudo bem até ela chegar na mama esquerda e aí veio a notícia... Havia algo muito esquisito, bem grande e com forte chance de ser um tumor bem no meio da mama e bem profundo que não podia ser palpado. Por isso nunca percebi nada nem o meu médico, pois sempre fiz o auto exame e ia às consultas regularmente.
Naquele instante eu não via nada, não ouvia nada e não conseguia pensar em nada. Parecia que tudo tinha desabado e só havia restado eu e aquela tela com aquele contorno desenhado nela.
Foi exatamente naquele momento que vi o quanto sou frágil, pequena, e vulnerável! Nunca em minha vida eu havia sentido um peso tão grande de ameaça à minha vida e totalmente fora de meu controle.
A médica nos orientou a buscar um mastologista urgente e dar início ao tratamento, fosse ele qual fosse.
Bom, meu aniversário tinha ido para o espaço, e minha cabeça também! Eu não conseguia nem chorar. E o pior era ter que esconder dos filhos e de meus pais, pois ambos são hipertensos e meu pai havia saído da UTI recentemente por problemas cardíacos. E se tem algo que nunca consegui fazer é fingir um semblante diferente do meu interior. O Marcelo vivia me dizendo que eu não sabia esconder meus sentimentos e que sabia ler meu interior pelo meus olhos, por tanto vocês podem medir meu esforço para poupar minha família daquele sofrimento.
O Marcelo naquela época ainda não havia se curado de um problema de alma, que toda vez que algo impactante acontecia, ele bloqueava seus sentimentos e agia como se nada estivesse acontecendo. E mais uma vez isso aconteceu. Nós retornamos para casa depois da notícia e ele voltou à trabalhar sem tocar no assunto e me tratando o mais normal possível, muitas vezes até mais frio do que o normal.
Sinceramente não me recordo dos dias seguintes, eles se apagaram de minha memória, sempre tive facilidade de lembrar de tudo e em detalhes, mas esses dias sumiram de minha memória! Eu só me recordo das primeiras consultas que fiz com o mastologista, ele me pediu para fazer uma mamografia e foi aí que meu sofrimento começou de verdade, eu achava que o pior era ouvir a notícia, mas senti que o pior é o descaso das pessoas envolvidas nos laboratórios, convênios e médicos.
Meu convênio simplesmente negou a mamografia, mesmo com o ultrasom em mãos provando a necessidade de fazê-lo! Eu comecei a chorar na mesa do atendente do convênio quando ele me pediu para esperar, pois ia fazer o possível para aprovar, porque o convênio só libera este exame para mulheres com mais de 40 anos.
Logo ele retornou e me autorizou a fazê-lo, disse que conversou com o auditor e eu poderia marcar a data do exame. Glória a Deus!!!
Depois da mamografia, me encaminharam para a biópsia. Fui para o médico mais conceituado de Campinas, eu nem imaginava o que viria!
O exame consiste em retirada de fragmentos do tumor através de uma agulha com garras nas pontas. Agora imagine isto sem anestesia, a sangue frio! Pois é, foi o que me fizeram, quando pensei em gritar... Já era! Só que repetiram isto mais três vezes!!! Não sei como aguentei! O Marcelo estava comigo na sala e presenciou tudo, ele estava passando mal e disse que se precisasse mais uma vez, iria sair.
Ah, o detalhe que esqueci de mencionar é que agrossura da agulha era de uma agulha de crochê!!!!
Colocaram um esparadrapo no buraco e me liberaram. Eu chorava tanto, me sentia agredida, violentada, pois ninguém me explicou como seria, me enganaram dizendo que não era para olhar e que não doiria nada... E eu acreditei!
Mas era preciso, eu só não sabia que a dor de passar por tudo isso SEM ANESTESIA não era preciso, descobrimos meses depois que o convênio paga pela anestesia, mas o médico aplica se quiser, né? Ou embolsa o dinheiro dela, e foi o que ele fez.
Eu estava em uma salada de sentimentos que nem consigo relatar todos, mas a raiva e a sensação se solidão eram eminentes.
Neste dia Deus começou me mostrar que Ele estava vendo tudo aquilo, pois a sensação que eu tinha era que Deus tinha tirado férias e me largado naquela situação. Acredite, era assim mesmo que eu me sentia, sendo punida por algo que eu nem mesmo sabia!
Voltei pra casa e me tranquei em meu quarto, não queria ver ninguém. O telefone tocou e o Marcelo atendeu e me falou que um irmão da igreja queria falar comigo, quase perdi a santidade naquele momento falando um palavrão, mas o Marcelo insistiu muito e eu atendi. Era um irmão da igreja que telefona para os novos membros ou visitantes. Mas eu já estava na igreja há um ano e só agora eles estavam fazendo aquela ligação? O que era aquilo?
O irmão foi falando que eu podia falar com ele e que Deus tinha direcionado aquela lligação, era tudo o que eu precisava!
Eu nem sabia a cara daquele irmão, fui me abrindo, chorando e desabafando um pouco, Deus sabia que eu precisava daquilo pois não podia contar com mais ninguém!
O resultado da biópsia viria só um mês depois, e eu não tinha nem idéia de como iria fazer para suportar aquela situação até lá.
Nesta altura meus pais já sabiam e consequentemente todos na família. O olhar de pena e aquelas palavras quase que de despedidas eram a morte pra mim.
O clima de luto pairava em casa e em toda minha família, mas são nessas horas que vejo Deus usando meu jeito “gregonildo” de ser e fazendo essa herança genética me ajudar muitas vezes. Os gregos são muito alegres por natureza, e tratam os problemas com facilidade de expressão e otimismo! Louvado seja Deus por essa qualidade que herdei, e foi assim que me coloquei de pé pra fazer uma ceia de Natal em minha casa. Sempre curti receber gente em casa e me dei de presente isto!
Ninguém estava entendendo minha postura, mas respeitaram. Eu não aguentava mais ver as carinhas tristes de meus filhos, apesar de não saberem nada sentiam algo estranho no ar e ficavam desajustados emocionalmente. Eu quis mostrar que estava tudo bem pra eles! E parece que deu certo!
Em janeiro o resultado saiu e foi muito esquisito, era de um tumor mutante, ou seja, agora ele é um e dias depois ele já se alterava e era impossível um diagnóstico preciso.
Passei por muitos médicos, e todos me encaminhavam para outros, alegavam não ter condições de me operar, falta de vaga na agenda, o hospital em reforma e até mesmo o absurdo de me dizer que não me operaria porque meu convênio pagava pouco! Esta foi a gota que faltava pra eu estourar. Eu me sentia uma mercadoria, um objeto nas mãos daqueles que seriam os únicos que poderiam tirar aquilo de mim!
Eu me sentia com uma bomba em meu seio e os médicos tentando tirar proveito de minha situação.
Minha peregrinação em médicos já durava UM ANO, me jogavam pra lá e pra cá com seus argumentos mas eu precisava deles pra me livrar daquele tumor. Nunca mais vou esquecer da sensação que passei, é indescritível!
Decidi ir ao um último médico, falei pra mim mesma que se ele não me operarsse voltaria pra casa e esqueceria deste tumor ( como se fosse possível).
Entrei na consulta e não era o médico que eu havia marcado, achei estranho mas ele me alegou que foi um imprevisto e substituiria o primeiro. Passei todo o meu caso e os exames, e pra minha surpresa ele me disse que ninguém queria me operar por causa do tipo do tumor. É muito arriscado mexer nele e o risco de o médico ter problemas é grande tanto na cirurgia como depois com processos movidos pelos pacientes. Este médico fez eu entender o que estavam fazendo comigo, mas também não quis o caso, como todos.
Saí dali amortizada, com a sensação que irira morrer com aquilo que ninguém queria tirar de mim. Eu não via saída pra mim, e pela primeira vez tive uma crise de nervos, entrei no carro e comecei a esmurrar tudo, porta, bancos, painel e gritava como louca! Esta foi uma rara consulta que o Marcelo estava comigo. Quando ele viu meu estado, ficou do lado de fora do carro deixando eu explodir.
Depois de um tempo eu me acalmei e aí veio o choro, o Marcelo entrou no carro como se nada tivesse acontecido, e dirigiu até em casa. Estávamos só nós dois e depois que chegamos eu literalmente o proibi, aos berros, de tocar no assunto do tumor e que eu iria continuar vivendo até quando Deus permitisse. Não iria mais em médicos e iria fazer como ele, ignorar totalmente o problema! Decidi que eu não lutaria mais e iria tocar a vida!
Como sempre o Marcelo nem comentou e me deixou com meus dias. Fui tocando cada dia tentando me enganar cada vez mais até chegar no ponto verdadeiro de confiança em Deus. Entreguei tudo a Ele e comecei sentir uma calma verdadeira, uma certeza que eu estava sendo cuidada! Foi neste momento me lembrei exatamente da cena do meu banho há cinco anos atrás. Aquelas palavras agora tinham muito sentido pra mim, e me agarrei nelas!
A pontada que senti na mama era exatamenta onde estava o tumor, e percebi que Deus queria me ensinar algo muito, muito profundo, pois era algo planejado há anos atrás.
A descrição mais próxima de minha sensação naquele momento é a seguinte: como se eu tivesse me jogado de um precipício sabendo que eu seria pega no ar. Eu joguei fora todas as palavras que ouvi todos aqueles meses dos médicos, e me joguei no colo do Senhor! Pude ver e sentir o cuidado Dele em me avisar anos antes, para saber que Ele estaria no controle! Obrigada Pai, muito obrigada por Seu cuidado comigo, eu te AMO!!!!!!!
Esta foi a entrega mais profunda que fiz em minha vida, consegui continuar amando o Senhor mesmo se Ele me levasse e não me curasse, eu olhava para meus filhos e sentia segurança que o Senhor cuidaria deles e que nada faltaria a eles, pois Deus os ama mais do que eu e se me levasse é porque suportariam a vida sem mim! Não foi fácil chegar até este ponto, principalmente para mim que sempre fui uma pessoa controladora e líder, mas Deus sabe como lidar com cada um de nós.
Alguns meses depois o Marcelo foi chamado pra traduzir uns irmãos dos EUA que eram usados em cura. O Marcelo me arrastou pra lá e eu fiquei no meu cantinho só olhando Deus operar naquelas pessoas e pensando: “se Deus quisesse me curar, poderia ter feito isso antes, não preciso destes irmãos pra ser curada, quando Deus quiser Ele me cura.”
Fiquei sentada ali, quietinha, quando um irmão americano pegou o microfone e disse que Deus queria curar pessoas com câncer. Deu um frio na espinha mas eu sentia que não era pra mim. Quando então uma irmã se levantou e foi receber a cura e eu pensei: “ ta vendo, não era pra mim!” .
Muitas outras curas ocorreram naquele lugar e eu só olhando... Até que aquele mesmo irmão americano que chamou para cura do câncer da irmã, voltou a chamar uma pessoa que Deus esteva dizendo que ainda estava ali e não recebeu a cura! Quase caí da cadeira. E me pus de pé a receber! Assim que aquele irmão começou orar, senti um calor muito forte na minha mama, como se estivesse pegando fogo por dentro. Eu nunca havia sentido algo assim, e pude ter certeza que eu estava sendo curada naquele instante!!!!
Eu tremia tanto que não conseguia nem falar, nem ficar de pé, eu só chorava! E em seguida que voltei pro meu lugar o Senhor mandou eu testemunhar minha cura e assim fiz, pois muitos ali não sabiam o que eu tinha.
Voltei pra casa outra pessoa, querendo até dar beijo no cachorro!
Alguns dias se passaram e minha tia Denise de São Paulo me ligou, falando que irira marcar uma consulta pra mim no Hospital do Câncer e que se eu me recusasse a ir, ela viria pessoalmente me arrastar (e eu sei que ela faria isto mesmo), portanto aceitei e duas semanas depois fui à São Paulo.
Era outra coisa, tive um tratamento completamente diferente, com carinho, atenção e respeito. Avaliaram novamente e pra minha surpresa o bendito ainda estava lá. Mas como? Deus não havia me curado?
Algumas dúvidas tentaram me atormentar, mas não entreguei minha bênção e permaneci com a certeza em Deus na minha cura, não importando o que eu visse ou ouvisse!
Marcaram minha cirurgia e a cada consulta pré-operatória os médicos se abismavam com a minha calma e serenidade. Minha médica achou que eu estivesse tomando remédios ansiolíticos ou calmantes por conta própria. Eles não entendiam minha calma, eu até brincava com eles.
Fui para a cirurgia em 15 de Março de 2006, os médicos me prepararam para tudo e me avisaram que eu poderia voltar sem uma mama e ter que fazer quimioterapia. Mas eu sabia que não seria nescessário nada daquilo, e fui tranquila. Dormi antes da anestesia (pode crer). Os médicos ficaram assustados com minha calma. Glória a Deus!
Correu tudo bem na cirurgia, não tiraram nada além do tumor e me recuperei muito bem, apesar daquele curativo imenso.
Um tempo depois recebi alta do hospital e fiquei aguardando o resultado da biópsia completa. Eles iriam congelar o tumor completo e fatiá-lo por inteiro pra saber tudo sobre ele.
Dez dias depois fui à São Paulo e recebi a notícia de minha médica. Ela me disse que não sabia explicar como o tumor estava dentro de uma cápsula e não deixou nenhuma célula se espalhar pelo meu corpo. Só naquele dia fui saber que eles tinham tirado um gânglio de minha axila para análise e deu em perfeito estado. Se alguma célula cancerígena se espalha, ela passa por este gânglio deixando rastros.
Dentro do tumor já haviam células malígnas mas não se espalharam graças à capsula que o Senhor fez pra mim, pois o laudo final dizia que o tumor tinha formação de mais de dois anos e ele leva mais um bom tempo pra se formar, sendo assim o início do tumor bem próximo a data do aviso em meu banho.
E a conclusão da médica neste meu retorno pós-operatório foi a seguinte: “ você está curada, pode ir pra casa e retomar sua vida por completo”, e assim fiz!!!!
Além de minha cicatriz na pele, tenho a cicatriz na alma que me faz lembrar de um sofrimento que mudou por completa a minha vida espiritual.
Olho pra esta cicatriz em meu peito e vejo o amor de Deus por mim! Agradeço por ter me feito passar por tudo aquilo. Hoje sou outra mulher, tanto na minha vida aqui como com o Senhor!
Dias virão em que se não confiarmos assim no Senhor, não teremos chance de vitória!
Aprendi a amar a Deus de um modo incondicional, forte e muito íntimo, mas também pude sentir um amor especial por mim, um amor que só sente aqueles que se jogam no colo do Pai, independentemente de situações!
Deus é o mesmo de Gênesis, nós é que PRECISAMOS mudar nossa maneira de vê-lo !
DEUS ME AMA, TE AMA, SEMPRE NOS AMOU! DEIXE ELE CUIDAR DE VOCÊ!!!

Cecília Vassiliades Pádua
10/01/08

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